sexta-feira, 13 de maio de 2011

Lamento de Preto


Sofri no eito,
sofri na senzala,
Quanta dô em meu peito!
Chorei, sofri,
Apanhei de todo jeito
De sofrer quase morri
Quanta dô em meu peito!
Suor, lágrimas, derramei,
De dor, de saudade, chorei,
Sob o sol, sob a chuva no eito.
Quanta dô em meu peito!
Veio a liberdade,
Ainda assim eu chorei,
De alegria é verdade.
A tristeza não deixei,
Negro assim, não tem jeito.
Quanta dô em meu peito!
Morto, ao mundo, voltei.
Ouço quixa e sofrimento
Em todos os terreiros.
Quanta dô em meu peito!
É o continuar do meu lamento!

(Decelso – Livro: O Rosário do Preto-velho)









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